XADREZ MEMÓRIA

Xadrez de memórias, histórias e (es)tórias, de canteiro, de sussurro, de muito poucos...

06/09/09

MAMEDE DIOGO


(Foto retirada do sítio da SECÇÃO DE XADREZ da A. E. F. C. R. Penichense)
Aqui feito autómato, de trás para a frente, de frente para trás Tristeza sem fim nos passeios da minha rua. Uma lágrima mais rebelde quer assomar nas minhas janelas...

Mais um amigo do xadrez e tinhas logo de ser Tu, caro Mamede Diogo?

O do sorriso largo, o da voz musical e profunda, o do abraço - afago que se sente verdadeiro porque aquece? Tu, que tinhas exactamente a minha idade? Tu, que encontrei nos Nacionais de Jovens, no Grande Torneio dos 50 Anos FPX, em78, em Preliminares do Nacional , que nunca me conseguiste vencer, porque empatamos sempre, desde que a uma proposta tua sorridente de “empatamos?” num Nacional de Jovens, eu fiz outra sorridente no torneio FPX e Tu respondeste: “Claro!” e rimos os dois e aproveitamos o tempo para falar de xadrez e da vida de jovens que éramos.

Tu, cujo aperto de mão no início ou fim de partida, era aperto de xadrezista, forte convicto solidário, e não de obrigação, fastio, superioridade ou raiva.

Tu, baixote como eu, tinhas a altura grandeza dos justos , dos puros, daqueles que exigindo de si, não exigem muito à vida.


Tu de olhos meigos que assomavam vivos aos vitrais dos teus óculos.

Tu, que fui perdendo com o tempo, por preguiça , por esquecimento, por afastamento, por dor de um xadrez que continuaste a amar.

Tu suave e meigo, avesso a confusões xadrezistas, mas brincalhão e pleno de boa disposição, quando a disponibilizavas.

Tu, na arca dos riquíssimos e raros tesouros xadrezisticos que vou guardando no lado bom do coração.

Vou sentir a tua falta, principalmente daquele reencontro e abraço que te deveria ter dado e não to dei, por te perder no tempo. Sei que apesar da doença, me sorririas, mas desta vez, eu cúmplice sorrir-te-ia na exacta medida, e ambos diríamos “empatamos?”.


Vou caminhar mais um bocadinho e decididamente deixar que esta lágrima cumpra o seu destino.

Diogo ,Mamede - Silva,José
Nacional Absoluto (9), 21.01.1977


Arlindo Vieira


1.e4 d6 2.d4 Cf6 3.Cc3 g6 4.Bg5 Bg7 5.f4 Bg4 6.Dd2 h6 7.Bh4 c6 8.h3 Bd7 9.e5 dxe5 10.dxe5 Ch7 11.Bc4 b5 12.Bb3 Dc7 13.0–0–0 g5?


Nestas posições, o tempo é factor a ter em conta, por isso, as negras deveriam contra atacar no flanco de dama, para onde o rei branco se refugiou pelo roque: exe: [13...a5 14.a3 (14.a4) 14...a4 15.Ba2 b4 16.axb4 a3 17.bxa3 Txa3 18.Cge2 jogo complicado]

14.Bg3 gxf4 15.Dxf4 Cg5 16.Cf3 Ce6 17.Bxe6?! O jogo das Negras é muito difícil, com um Rei no Centro, má coordenação das peças e atraso no desenvolvimento. A Troca de peças por parte do Mamede, alivia um pouco a posição do defensor.

Talvez manter o ataque com:
[17.Dg4 h5 (17...Tg8 18.Cd4 Cxd4 19.Bxf7+) 18.Df5] fosse mais forte

17...Bxe6 18.Cd4 Bd7!? [18...Dc8 19.Thf1]

19.Df3?! Novamente o Mamede Diogo deixa escapar uma posição de ataque que dificilmente daria esperança às negras com:



[19.Thf1! 19...0–0 (19...Tf8 20.Ccxb5 cxb5 21.Df3 Bxe5 22.Bxe5 Dxe5 23.Dxa8 Tg8 24.g4 Rf8 25.Rb1 Dc7) 20.Dh4 b4 21.e6 Db7 22.Ce4 Bxd4 23.Dg4+ Rh7 24.exd7 Be3+ 25.Rb1 Ca6 26.Be5 Vantagem decisiva
19...Bxe5 [19...Dc8 20.Ce4] 20.Cdxb5



cxb5 21.Txd7?!

1) 21.Cd5 Dd6 22.Bxe5 Dxe5 23.The1 Dg5+ 24.Rb1 2) 21.Bxe5 Dxe5 22.Dxa8 b4 23.Db7 bxc3 24.Txd7 cxb2+ 25.Rb1


21...Rxd7?!
As Negras deixam escapar nos seus cálculos uma variante que lhes daria melhor possibilidade de defesa (sempre difícil) no final:
[21...Cxd7 22.Bxe5 Dxe5 23.Dxa8+ Db8 24.Dxb8+ Cxb8 25.Cxb5±]


22.Bxe5 Dxe5 23.Dxa8 a6?

[23...Td8 24.Dxa7+ Re8 25.Rb1 Cc6 26.Db6±]

24.Db7+ Re6 25.Db6+ Dd6 26.Te1+ Rf5 27.Db7 Te8? Era bem melhor, embora o desfecho da luta, dificilmente se inverteria.
[27...Rg6 28.g4 Te8 29.Df3 Rg7 30.Ce4±]


28.De4+ Rf6 29.Dg4 Dc6 30.Tf1+ Re5 31.Tf5+ Rd6 32.Dd4+ Re6 33.Te5+ 1–0